Quando saí de casa para viajar pelo Brasil no dia 20 de maio, sabia que o retorno seria só no início de julho. A missão estava clara: participar de cinco edições do Abeta Conecta em dois estados diferentes, uma em Santa Catarina e outras quatro no Mato Grosso.  

A viagem, como quase sempre acontece, começou antes da estrada em si. A proposta era sair da minha casa, em São José dos Campos (interior de São Paulo), e fazer todo o trajeto de carro. O que topei de primeira – adoro dirigir, conhecer lugares e pessoas novas e, preciso confessar, minhas playlists são as mais animadas para longos percursos.  

Primeira parada: Praia Grande-SC  

Carlos e Fernando Angeoletto no Cânion Churriado, SC

Na verdade, a primeira parada não foi em Praia Grande, na divisa SC-RS, embora nosso primeiro destino com compromissos profissionais fosse lá. Fui buscar o Luizão e a Nancy (diretor executivo e assistente administrativa da Abeta) na casa deles, em Osasco-SP. Com um certo atraso e tendo que lidar com um problema no sistema elétrico do carro, partimos rumo ao Sul do país em uma sexta-feira. 

A primeira parada mesmo foi em Florianópolis, onde nos encontraríamos com Fernando Angeoletto (gerente de publicações da Abeta) – que preparou um jantar de boas-vindas a Santa Catarina. A primeira surpresa que esse redescobrimento do Brasil revelou foi logo no dia seguinte: ao chegarmos à praia do Pântano do Sul, tradicional comunidade de pescadores, estava rolando dia de pesca da tainha liderado por eles.    

Com um misto de emoção e desconforto pela pesca (ver os peixes na rede é uma sensação bem estranha), não dá pra negar que foi extremamente marcante ver pescadores tradicionais realizarem a atividade. 

No domingo, a parada foi em Treviso – mais ou menos a meio do caminho até Praia Grande, onde o Abeta Conecta começaria no dia seguinte. Lá, encontramos com o amigo associado Paulo Cadallora, do Instituto Alouatta. Depois de um belíssimo almoço tradicional italiano (sério, lembro até hoje) e de um descanso merecido aos pés da Serra Geral, segunda de manhã partimos rumo a Praia Grande – considerada a Capital dos Cânions do Sul.  

Viajar pelo Brasil é isso: uma estrada belíssima era o que nos esperava no dia seguinte. E o GPS nos mandou por uma estrada de terra, por dentro da cidade de Turvo. O turismo de aventura começou antes da hora e chegamos por estradas não usuais à cidade conhecida como a Capital dos Canyons. Em Praia Grande, encontramos com os demais membros da equipe Abeta: Evandro Schütz, Teriana Selbach e Rafael Ciquella.  

Normalmente minhas funções no Abeta Conecta são – além de dirigir – fazer a cobertura digital do evento, produzir fotos e vídeos, captar depoimentos e fazer a capacitação de Comunicação e Marketing Digital junto do meu amigo Banjo, também conhecido como Vinicius Viegas, presidente da Abeta. Desta vez, fiz a capacitação sozinho, já que o Vini não pôde ir.  

Praia Grande está em uma região de beleza transbordante. Incrivelmente era um dos lugares que eu mais tinha vontade de conhecer no Brasil, e tive a sorte imensa de uma missão profissional me levar até lá. Recentemente, inclusive, o Geoparque Cânions do Sul foi referendado pela Unesco como Geoparque Mundial – ao lado do Geoparque Seridó, no Rio Grande do Norte, onde o Abeta Conecta também passou em 2021 

Mesmo com as demandas do evento, conseguimos arranjar um espaço na agenda para conhecer a região. Acordamos para conhecer a Fazenda Eco Canyons, que é associada Abeta. O plano foi ir cedinho, fazer uma visita técnica e uma trilha de quadricilo. E que trilha! O visual é absurdo de lindo, com uma vista de frente pro cânion Churriado. Me emocionei de verdade olhando aquela imensidão maravilhosa. Como diz o Luizão, “deixar o Brasil surpreender a gente é uma viagem” 

Final de evento na quinta à noite, uma cervejinha na praça de Praia Grande e estrada na sexta de manhã: na segunda começa outro Conecta, desta vez em Barra do Garças-MT 

Segunda parada: Barra do Garças-MT  

Equipe Abeta em Barra do Garças
Carlos e Pollyana nas águas cristalinas de Barra do Garças-MT

De acordo com o Google Maps, mais de 2.000km separam a catarinense Praia Grande da Barra do Garças. Claro que não fizemos o trajeto de uma vez: saímos na sexta rumo a São Paulo, pequena pausa no sábado, e estrada novamente, no domingo, com destino ao Centro-Oeste.  

Desta vez, a companhia de viagem foi Thaynara Siqueira, diretora da Abeta e que também é parte da equipe do Conecta. Buscamos o Luizão em Osasco e rumamos para nosso destino. Estrada ótima, cruzamos os estados de São Paulo e Minas Gerais, ali pelo Triângulo Mineiro, e pernoitamos em Itumbiara – já em Goiás.  

No dia seguinte, depois de um café da manhã reforçado, mais estrada: a meta era cruzar o estado de Goiás e chegar no meio da tarde a Barra do Garças. A cidade é a primeira do Mato Grosso, logo em seguida ao rio Araguaia, fazendo fronteira com a goiana Aragarças.  

Lá, encontramos outros membros da equipe (a vice-presidente Pollyana Pugas, Banjo e a associada Marina Marchezini). Em meio a isso, durante essa viagem de Praia Grande a Barra do Garças, a minha empresa estava em um momento, digamos, singular – duas pessoas da equipe estavam de saída e, em meio às edições do Conecta, eu precisava encontrar, entrevistar e contratar pessoas pra trabalharem com a gente.  

O Conecta se desenrolou normalmente, naquele esquema de muita conexão, integração e, para nós, também muito trabalho. A finalização do evento foi no Parque das Águas Quentes: nada melhor que um banho nas águas termais pra recarregar as energias e ficar “pronto” pras próximas.  

Confesso, porém, que o melhor estava reservado para o dia seguinte. No sábado, nosso amigo Ralf, da Roncador Expedições, nos levou para um dia inesquecível na Serra do Roncador: visuais embasbacantes, um almoço daqueles e a finalização com um banho absurdo na fazenda Recanto da Serra. Sério, um dos lugares mais marcantes de toda a viagem – o cansaço dos dias de trabalho não foi nada perto do que vivemos ali.  

Terceira parada: Chapada dos Guimarães-MT  

Equipe Abeta com pessoal que participou do Conecta em Chapada dos Guimarães-MT

Você já sabe como é: o roteiro acaba em um dia, no dia seguinte já pegamos estrada. Foi assim mesmo que aconteceu. Mas não sem antes uma passadinha no Discoporto e no Mirante do Cristo, dois dos atrativos mais conhecidos de Barra do Garças.  

Uma viagem mais curta, mas ainda assim de 6h até a região, digamos, mais central do Mato Grosso. Na noite de domingo, chegamos à Chapada. Depois de um rolêzinho pela praça do centro, aquele descanso para emendar no terceiro Abeta Conecta em três semanas.  

Em Chapada, tivemos uma maravilha da natureza em ação: no dia reservado ao passeio ao ar livre, quando íamos visitar o Parque Nacional de Chapada dos Guimarães, os deuses do clima trouxeram uma chuva linda, linda, linda pra Chapada. A pena é que a chuva torrencial impediu a entrada ao parque – o que nos fez pegar a estrada mais cedo rumo a Cuiabá.  

Na capital, tivemos a sorte de ter anfitriãs incríveis, que nos levaram a um almoço tradicional na comunidade São Gonçalo Beira Rio. Viajar pelo Brasil é inesquecível! 

Quarta parada: Pantanal-MT  

Carlão em cavalgada no Araras Eco Lodge, em Poconé-MT

Confesso, nesse momento eu estava só o pó da rabiola. Cansadíssimo física e mentalmente. O plano inicial era voltar pra SP de carro, antes de seguir estrada para os outros dois Abeta Conecta. Surgiu, porém, uma segunda opção: passar a semana no Mato Grosso, antes das outras duas edições programadas.  

Foi a melhor opção, de longe! Ficamos Polly Pugas e eu, em uma semana daquelas pra guardar na memória. Nos revezamos entre duas pousadas que, com certeza, estão entre as melhores que já fiquei – não por coincidência, ambas associadas Abeta.  

As hospedagens na Aymara Lodge e na Araras Eco Lodge, que ficam ao longo da rodovia Transpantaneira, foram uma verdadeira imersão no Pantanal Norte. Ainda que eu estivesse trabalhando bastante, conseguimos aproveitar o clima pantaneiro com safári noturno, pedaladas, cavalgada e muito conhecimento e vivência desse bioma tão brasileiro.  

Quinta parada: Campo Novo do Parecis-MT  

Não foram exatamente férias, mas os dias no Pantanal trouxeram um pouco de tranquilidade e paz. Têm dias em que não é fácil conciliar o trabalho em um evento com o dia a dia da empresa, então o fato de passar uma semana “só” cuidando das minhas tarefas na Seppia ajudou a oxigenar um pouco o cérebro. Além da companhia da Polly, claro (beijo, truta!).  

De todo modo, tome mais estrada: sábado encontramos os demais membros da equipe (Luizão, Banjo e Jaime Prado, diretor de Relações Institucionais) em Cuiabá e domingo rumamos para Campo Novo do Parecis. Aqui, cabe uma explicação: parece errado, mas é realmente “do” Parecis e não “dos”. (Tem gente que passou uma semana na cidade e ainda não aprendeu o nome certo :/) 

Salto Utiariti, em Campo Novo do Parecis-MT

Uma estrada que parece mais longa do que é, porque chega um determinado momento que é uma monotonia só. Uma reta enorme, a monocultura à nossa volta (soja, algodão, milho, depende do lugar), quilômetros e quilômetros de estrada e nenhum animal à volta. O que é uma loucura, porque em todos os outros pontos pelos quais passamos, animais não faltavam. Alguma sugestão do porquê isso acontece?  

Seja como for, chegamos no fim de tarde a Campo Novo. Aquela voltinha pelo centro com a Polly, uma cervejinha e praticamente não conseguimos encontrar nada que lembrasse turismo de natureza – nem no caminho, nem na cidade. Só um folder de uma agência de turismo na pousada é que lembrava que “ei, aqui tem uma natureza exuberante”.  

Como sempre, depois dos quatro dias de Conecta, rolou a esperada visita à natureza da região. E que natureza é essa! Campo Novo do Parecis deu uma porrada na gente. Esperava coisas lindas, mas foi além: os lugares a que a Vertical Adventure levou a gente foram avassaladores.   

Os locais escolhidos foram o Salto Utiariti e o Salto Belo. Sério, não sei nem dizer o que foi mais impactante. Esperava muita beleza, mas vai bastante além. É uma energia, uma força da natureza, da água… Que o nome “salto” não reflete o que são essas duas cachoeiras. No dia seguinte, ainda encontramos tempo para conhecer a aldeia indígena Ponte de Pedra – que dizem ser um local sagrado para o povo Paresi. 

Sexta parada: Poconé-MT 

A quinta e última edição da sequência dos Abeta Conecta estava marcada para Poconé, o que seria a volta para o Pantanal para Polly e para mim. Antes disso, porém, mais uma surpresinha: uma passada em Nobres, cidade famosa pelas águas cristalinas e mais ou menos a meio do caminho de Campo Novo e Poconé.  

Depois de um boia cross e uma flutuação, intercalados por um almoço, fomos pra Cuiabá e, de lá, para Poconé. Chegamos de volta ao Pantanal já na tarde de segunda, dia de abertura do Conecta. O evento foi no Sesc Pantanal, que era o mesmo local da nossa hospedagem. O que foi ótimo do ponto de vista logístico. 

Como já tinha passado mais de uma semana pela região, dessa vez o foco total foi o Conecta, sem atividades ao ar livre. Mais uma semana de trabalho e a volta pra casa foi diferente: de avião.  

Sétima parada: a vida 

De toda essa experiência, acho que o que mais fica é: como o Brasil é incrivelmente incrível. Conhecer mais desse país, por roteiros que não estão entre os mais famosos, é algo transformador de verdade. A natureza que existe aqui é deslumbrante, praticar turismo de natureza no Brasil deveria ser obrigatório para qualquer cidadão.  

E nem precisa ser longe de casa: por experiência própria de tantos anos viajando, tenho absoluta certeza de que no entorno de qualquer cidade existem atrativos naturais a serem visitados.  

Pra aproveitar, já que estou com este espaço, quero agradecer as pessoas da Abeta pela confiança no meu trabalho e no trabalho da Seppia. E por contarem comigo em viagens como essa. A amizade e o respeito dessa caminhada conjunta são marcantes.  

Pra você que chegou até aqui nesse texto que não é curtinho, fica minha humilde dica: se puder, vá viajar pelo Brasil.  

Carlos Ghiraldelli é criador da Seppia Geração de Conteúdo e assessor de comunicação da Abeta desde 2013.