Por Thaynara Siqueira Baumgartner

Está aí um ditado que não se aplica a determinados grupos de animais que conhecemos, e o mais mistificado de todos é o das cobras, répteis ápodes, ou seja, animais não possuem pernas. Esses animais tão injustificados e estigmatizados como vilões por histórias e filmes de Hollywood acabam sofrendo (e muito!) por conta da falta de conhecimento da população em geral.

E como lidar com esses mitos? Entenda melhor a vida desses seres rastejantes e saiba viver em harmonia com a natureza.

Existem aproximadamente 2930 espécies de cobras no mundo e no Brasil temos 321 espécies, mas somente 36 espécies são peçonhentas. Ou seja, mais de 88% das cobras que existem no Brasil são inofensivas e não oferecem perigo aos seres humanos.

As cobras fazem parte do grupo dos répteis, e junto com alguns lagartos, chamados erroneamente de “cobras de vidro” por não terem pernas, são o motivo de muitas fobias de pessoas mundo afora. São animais carnívoros e dependem totalmente de seus métodos de caça para sobreviver. Elas ocupam um nicho ecológico muito importante, o controle biológico de outros animais, como roedores e algumas aves, e até mesmo o controle biológico de outras cobras.

São animais ectotérmicos, ou seja, a temperatura corporal depende do ambiente em que se encontram, por isso nas épocas mais quentes a chance de encontrar esses lindos animais é maior. Algumas espécies são terrestres, outras arborícolas e outras aquáticas (e nadam muito bem), portanto as espécies possuem habilidades diferentes dependendo do bioma que se encontram.

Desmistificando as cobras: o que fazer ao se deparar com uma delas na trilha?

Infelizmente muito demonizadas pela história, as cobras são mortas indiscriminadamente pelos biomas afora, e muitas espécies estão classificadas como criticamente ameaçadas de extinção. E para tentar mudar esse quadro, aqui estamos nós espalhando conhecimento e você, então anote e lembre-se sempre dessas dicas:

  • Ao caminhar por uma trilha a primeira regra é que VOCÊ É UM VISITANTE! Portanto ao encontrar um animal, qualquer um que seja, respeite-o, não o pegue, encurrale, manipule e muito menos agrida-o! Mesmo que seja um animal peçonhento;
  • Utilize equipamentos que o proteja caso encontre uma cobra. Lembre-se, a principal defesa das cobras é a camuflagem, portanto elas podem passar despercebidas por você, então use botas de cano alto e perneiras ao ir a uma trilha;
  • Se encontrar uma cobra não entre em pânico! Elas não pulam, correm atrás (não dê risada só porque elas não têm pernas), não esguicham veneno, não perseguem, não picam com o rabo, tudo isso é lenda urbana (e lenda da roça também). A primeira opção de qualquer animal é a fuga, portanto dê espaço para ela poder seguir o caminho, não a encurrale e simplesmente deixe-a ir embora;
  • Cobras são surdas, portanto se alguém lhe falar que entrar na mata batendo palma ou falando alto vai espantar as bichinhas, tenha em mente que essa pessoa está falando bobagem! “Ah, mas ela vai sentir a trepidação no solo e vai embora”, lembre-se que a primeira defesa delas é a camuflagem, portanto elas ficarão quietinhas em seus cantos;
  • Não existe padrão de cores para as corais verdadeiras e corais falsas! Existem pelo menos 10 padrões de cores entre elas aqui no Brasil, assim como para todas as outras cobras é bobagem o formato da cabeça, tipo de pupila, final da cauda, e nem tudo é jararaca e cascavel. Apenas não as manuseie e deixe-as livres para seguir seu caminho;
  • A única diferença entre as peçonhentas e as não peçonhentas é a presença da fosseta loreal, um buraquinho, que fica entre o olho e as narinas, um pequeno órgão sensorial termorreceptor, muito útil quando elas vão à caça, e está presente somente nas cobras peçonhentas, com exceção das corais verdadeiras, que mesmo peçonhentas não possuem esse órgão.

Por fim, se você não for um profissional capacitado para manuseá-las, não as pegue! Elas são ágeis e fortes, e manusear um animal silvestre requer prática e conhecimento.

Viu só como as cobras não são esse bicho de 7 cabeças todo? A maioria delas são inofensivas e não vão oferecer perigo a você, a menos que você provoque ou ela se sinta em risco de segurança.

Espalhe informação e ajude outras pessoas a entender mais sobre esses lindos animais e dessa forma preservá-los. Conseguiremos mudar o mundo somente com o conhecimento, e salvar o meio ambiente e esses seres depende de educação e muita vontade!