Por Fernando Angeoletto – gerente de publicações da Abeta 

 Se o fantástico é por si só um grande atrativo da Ilha do Mel-PR, a natureza exibe ainda maior envergadura. Ela compõe a Grande Reserva da Mata Atlântica, o mais extenso e preservado remanescente deste bioma em território brasileiro, que concentra nada menos que 4 Parques Nacionais, 10 Parques Estaduais e 6 Reservas Particulares. Neste fabuloso mosaico de unidades de conservação, uma cultura viva movimentada por caiçaras, povos tradicionais miscigenados entre indígenas, africanos e europeus, é expressada pela pesca em canoas artesanais, pelo extrativismo, pelo turismo de base comunitária e por seu ancestral folguedo, o Fandango Caiçara, registrado como “Bem Cultural – Patrimônio Imaterial Brasileiro”. 

A Ilha do Mel foi palco do segundo Abeta Conecta do mês de agosto. Como a dimensão humana é a mais fundamental nestas incursões da Abeta pelos territórios, convém destacar o grandioso empenho do casal Patrícia Assis, representando a Adetur (Instância de Governança Regional do Litoral do Paraná), e Tiago “Caiçara” Choinski, abetano de carteirinha e atualmente gerente da Serra Verde Express, outro atrativo de peso da região. A dedicação de ambos, somada aos esforços de representantes da Prefeitura de Paranaguá e da Reserva Natural Salto Morato, foi profundamente responsável pelo sucesso do evento. 

O público participante das capacitações foi composto por condutores, guias, pousadeiros, marinheiros, operadores de receptivos e representantes de reservas naturais. O termo Conecta fez bastante sentido se considerarmos a origem dos participantes, desde a remota parte norte da Baía de Paranaguá, em Guaraqueçaba, até a ponta sul do litoral paranaense, em Guaratuba. De oeste, vieram ainda participantes das históricas Morretes e Antonina, e do entorno dos Parques Nacionais Guaricana e Saint Hilaire-Lange, constituindo uma expressiva dimensão de territorialidade com sujeitos empenhados em conservar o ambiente natural e qualificar a oferta do Turismo de Natureza. 

Segundo o Banco Central do Brasil, o montante desembolsado pelo público brasileiro em viagens ao exterior está na faixa dos 16 bilhões de dólares por ano. Com a desaceleração dos fluxos internacionais em virtude de pandemia, é possível estimar que boa parte desta quantia passe a circular em nosso turismo doméstico, uma demanda que traz o desafio tanto de qualificar a oferta quanto de proteger os destinos de um turismo predatório. Promovendo uma sensibilização para organizar esses anseios, o Abeta Conecta Ilha do Mel foi além, contribuindo com a construção das políticas públicas para o turismo.  

“Na perspectiva do programa federal de regionalização, estamos em um trabalho permanente de capacitação e qualificação. O Abeta Conecta vem para somar, contribuindo para mobilizar e sensibilizar o destino e mantê-lo ativo no mapa nacional do turismo. Os atores locais precisam entender que os processos de organização turística são importantes para uma ascensão ao mercado nacional e internacional”, declarou Patrícia Assis, da Adetur.