Sim, você leu certo. DINOSSAUROS. E não, não estou louca (não muito). Acredite se quiser, mas o turismo de observação de aves é muito, muito importante para a preservação ambiental e para a pesquisa científica.

Este nicho é um dos que mais movimenta o setor de turismo de natureza no mundo. Existem competições, eventos e datas comemorativas para tal segmento, como o Big Day, Big Year, Avistar Brasil e muitos outros. Mas onde entram os dinossauros nessa parada? E lá vem a bomba (leia com a voz do João Kléber): aves são dinossauros modernos! E não é pegadinha.

Todo o estudo de cladística, que é a parte da ciência que fala e estuda o parentesco entre as espécies de tudo que é vivo, se baseia em semelhanças e diferenças entre as espécies que existem e já existiram. Neste caso, vamos nos ater somente ao tema AVES.

A ciência estima que os dinos surgiram há aproximadamente 233 milhões de anos – praticamente semana passada na escala geológica. Os registros mais antigos datam de aproximadamente 230 milhões de anos, e são da terra de nossos hermanos e, sim, também daqui do Brasil. Mas o que isso tem a ver com a galinha, com o pardal ou com o beija-flor?

Na comunidade científica, as aves são consideradas dinossauros modernos, pois não existe um consenso sobre quando deixou de ser dinossauro e passou a ser uma ave. Eu te explico melhor: em toda a escala evolutiva desses animais, há pontos que merecem muita atenção, e esses pontos são chamados de caracteres. Esses caracteres podem ser quando “apareceu” algo, como o osso pneumático (osso oco), ou a pena, ou o bico sem dentes, e por aí vai…

E é justamente isso que faz com que não exista um consenso para que possamos dizer “beleza, daqui pra frente é ave e daqui pra trás é dinossauro”, pois esses caracteres foram aparecendo aos poucos nos grandes répteis: os ossos pneumáticos, o osso do quadril perfurado e o caractere mais inconfundível das aves, a presença de penas. Então, sinto informar, mas no Jurassic Park alguns dos muitos dinossauros que aparecem tinham penas. E isso é confirmado com inúmeros estudos de fósseis ao redor do mundo, principalmente com fósseis da China.

Seguindo a lógica e os preceitos da evolução e da cladística, chegamos ao denominador comum: existe um ancestral em comum entre dinossauros extintos e as aves, que são os dinossauros modernos. E a observação de aves ajuda – e muito – no estudo delas. E ainda ajuda a construir uma série de dados científicos para embasamento de pesquisas.

Algo que começou como um simples hobby torna-se um setor muito forte do turismo e ainda um braço que ajuda na pesquisa científica. Aliás, a observação de aves ajuda em infinitos pontos: o estudo de populações, a dinâmica destes animais, mudanças comportamentais e de meio ambiente e, principalmente, as relações ecológicas que elas mantêm dentro de um ecossistema e como isso pode afetar o todo.

E eu garanto: a observação de dinossauros modernos não só é muito prazerosa, como é divertida, cria base científica para estudos e para  políticas de conservação e preservação do meio ambiente. Quando estiver praticando a observação de aves e presenciar de perto uma harpia, um bico-de-sapato ou um pelicano, ou mesmo ter que correr de um ganso, verá que eles são bem próximos de um t-rex ou velociraptor.

por Thaynara Siqueira Baumgartner