Se você trabalha com ecoturismo, turismo de aventura ou deseja se inserir no segmento de turismo de natureza, deve saber: é impossível pensar numa operação turística sem gestão, serviço de qualidade e segurança. E isso passa diretamente por seguir as normas técnicas adequadas para as atividades que irá oferecer. Por isso, seja você guia de turismo, gestor ou alguém que dentro da cadeia de turismo, confira as principais normas e as mais adequadas ao seu negócio.
Implementar as normas técnicas é uma questão de cultura da melhoria contínua dos serviços, vital para os negócios no Brasil. É o que garante Leonardo Persi, atual secretário das Comissões de Estudo da ABNT. Desde 2009, ele participa como membro internacional da Delegação Brasileira na ISO, no Comitê Técnico de Turismo e Serviços e representa a ABNT dentro do Grupo de Trabalho de Turismo de Aventura, o ISO/TC228-WG7 – do qual é coordenador desde 2018.
“Pensar em segurança no turismo de aventura traz benefícios à comunidade receptora dos serviços turísticos, aos clientes, aos líderes de turismo de aventura, aos empresários do segmento e ao trade turístico como um todo”, explica Persi.
A implementação das normas acaba sendo um diferencial dentro do setor e na prestação de serviços, uma vez que os turistas também buscam empresas sérias e de acordo com a lei.
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Principais Normas Técnicas no ecoturismo e turismo de aventura
Dentre as 41 normas técnicas brasileiras vigentes e disponíveis – sendo 17 as internacionais –, uma delas é fundamental e mais importante, já que é a aplicada em qualquer atividade que seja oferecida no turismo de aventura. Estamos falando da ABNT NBR ISO 21101 – Sistema de Gestão de Segurança.
Ela é uma norma internacional base no processo de avaliação e análise de riscos das atividades de turismo de aventura. Colabora para a prevenção de incidentes, atua em casos de planos de ação de emergência, além de todas as etapas para a gestão da segurança das pessoas envolvidas nas operações turísticas, incluindo os clientes/turistas.
Por ser considerada uma norma base, ou transversal – porque em todas atividades ela deve ser aplicada, além das específicas -, a ABNT NBR ISO 21101 deve ser vista como obrigatória em qualquer negócio relacionado ao turismo. Seja um atrativo, operadora, pousada que possua um circuito de arvorismo ou que ofereça alguma atividade de ecoturismo ou turismo de aventura.
Outras normas técnicas importantes e abrangentes são:
ABNT NBR 21103 – Informações para participantes: especifica os requisitos mínimos para a informação a ser fornecida aos participantes antes, durante e após as atividades de turismo de aventura. Esta norma pode ser utilizada por todos os tipos e tamanhos de prestadores operando em diferentes ambientes geográficos, culturais e sociais.
ABNT NBR ISO 21102: estabelece os requisitos que o mercado considera como competências mínimas e os respectivos resultados esperados para líderes de atividades de turismo de aventura, guias e condutores, comuns a qualquer atividade de turismo de aventura.
O desenvolvimento dessas e das demais normas técnicas do segmento aconteceu graças ao Programa Aventura Segura, iniciado em 2006, em parceria com o Ministério do Turismo, com execução da ABETA. O PAS também foi um verdadeiro marco do turismo brasileiro, já que permitiu às micro e pequenas empresas do ecoturismo e turismo de aventura estarem mais preparadas para receber os turistas e oferecer as atividades ao ar livre.
Esse programa colocou o Brasil como um dos países que mais realiza ações para criar diferenciais competitivos para o empresariado, com foco na operação segura e de qualidade do turismo de natureza.
“O Brasil é o país com o conjunto mais consistente de normas voltadas para o segmento de turismo de aventura e ecoturismo. A participação da ABETA neste processo é fundamental, o que demonstra a importância do associativismo e da organização do segmento”, explica Persi.
Benefícios para profissionais da área
Além de estar seguindo o que está em lei, demonstrando a seriedade em sua operação, empresários, gestores e profissionais do turismo conseguem obter vantagens em longo prazo. Exemplos são a redução de custos numa operação, otimização de processos, organização de procedimentos internos, como equipamentos e agenda de colaboradores, além de ser capaz de ter uma noção maior dos impactos (positivos ou negativos) de sua operação de turismo de aventura no território.
“Tudo isso promove um cenário que permite que esse profissional atue na prevenção e melhoria contínua da operação. E também traz como envolvimento maior com as comunidades locais, ter atenção constante com os aspectos de segurança, manutenção de equipamentos e aprimoramento dos serviços”, afirma Persi.
Benefícios para o turista
As ações realizadas em prol das melhorias e dentro das normas técnicas simbolizam uma cultura que será percebida diretamente pelo seu cliente, o turista.
“Isso traz um maior contentamento nos serviços, impactando de forma muito positiva no retorno que eles dão às empresas, seja em seus comentários durante a operação, seja em redes sociais ou páginas da empresa na internet, um canal hoje bastante consultado por novos turistas que visitarão os destinos turísticos”, finaliza Persi.
Como implementar as normas técnicas na minha operação?
A aplicação das normas não é apenas um procedimento, ela deve ser uma mudança de cultura e de visão de negócio. Elas podem ser aplicadas pelo próprio empresário ou empresária, desde que haja o conhecimento delas, e também podem ter o apoio de consultorias e empresas, como o SEBRAE, que orientam a sua aplicação. Antes, porém, é preciso formalizar a sua empresa através do Cadastur, do Ministério do Turismo, que permite sua atuação no segmento.
Depois é preciso ter uma equipe totalmente capacitada para oferecer atividades de ecoturismo e turismo de aventura, já que o turista precisa ter confiança e segurança ao ter uma experiência dessas. Conhecimento técnico e capacitação serão também grandes aliados para você se destacar no setor, fica a dica.
É importantíssimo que todas as pessoas envolvidas na cadeia do turismo internalizem de fato o sentido de implementar estas normas técnicas, que é mergulhar no ambiente da segurança para as atividades da vida ao ar livre. Tudo isso para propiciar a turistas a melhor experiência de viajar pela natureza do Brasil, em contato com nossa rica cultura e grande biodiversidade.