Amigos e amigas,

Estamos, provavelmente, diante do maior desafio da nossa geração. Um vírus paralisou o mundo. Nessas horas, o medo, a angústia, e o sentimento de impotência tomam conta de nossos corações e mentes. Em tempos de mídias sociais, há uma enxurrada de vozes vazias e desencontradas e muitas informações falsas. É preciso ter cuidado.

Aqui na Abeta, estamos procurando entender a profundidade e a complexidade da crise, e como ela irá atingir nossos associados, o segmento do turismo de natureza e a sociedade a curto, médio e longo prazo. Passada as primeiras semanas, podemos concluir que o cenário é profundamente complexo e incerto, que o setor do turismo será um dos mais atingidos e, como outros setores, deveremos passar por profundas reconfigurações econômicas, sociais e políticas.

Estamos diante de uma situação catastrófica e sem precedentes, e a essa altura dos acontecimentos, todos nós já compreendemos que a crise poderá ser longa e com consequências imprevisíveis.

Desde o agravamento da situação estamos conversando por telefone com cada empresa associada, para entender a situação particular de cada uma. Isso leva tempo, não é rápido; pode não ser muito eficiente, não resolve nenhum problema, mas acreditamos que nesse cenário inédito é mais importante ouvir cada um do que falar sem saber bem o quê.

Estamos ouvindo individualmente com calma e atenção, para compreender e compartilhar sentimentos e informações que temos atuando dentro do turismo de natureza. Também estamos escutando parceiros institucionais, autoridades e especialistas em diversas áreas para compreender melhor o cenário e assim nos organizarmos para enfrentar as dificuldades do presente e nos preparar para os desafios do futuro.

Optamos pelo caminho de ouvir antes de agir, oferecendo apoio emocional e humano para uma situação em que ninguém tem experiencia prévia sobre o que fazer. Deste modo, procuramos entender o quadro geral e assim articular iniciativas que nos ajudem na travessia bem sucedida deste desafio sem precedentes históricos.

O que já fizemos

Organizamos um manual com orientações básicas sobre contingenciamento que foi enviado a todas as empresas associadas.  Vamos procurar atualizar esse manual de acordo com a evolução dos acontecimentos. Se sua empresa não recebeu, por favor nos avise para que possamos atualizar nossa lista de transmissão do whatsapp, nosso canal oficial de comunicação com a base associada por essa plataforma.

Reduzimos o tamanho da equipe executiva e a remuneração de todos, renegociamos valores dos contratos que mantemos com nossos parceiros, fechamos temporariamente a sede em São Paulo, suspendemos o pagamento do aluguel e estamos gerenciando com muita cautela e bom senso os gastos recorrentes com a operação da entidade.

Estamos solicitando, juntos com outras entidades do turismo, através do Conselho Nacional de Turismo e do Conselho Empresarial de Turismo Hospitalidade, medidas emergenciais para mitigação da crise no curto prazo, em especial para as micro e pequenas empresas, categoria que compõe a maioria de nossa base associada ligada ao turismo de natureza.

Fizemos um acordo com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para a realização de uma pesquisa sobre os impactos da crise no segmento. Por favor, responda a pesquisa, compartilhe o questionário com seus parceiros e fornecedores, precisamos da colaboração de todos para entender o quadro interno e articular as iniciativas externas. Participe, é importante.

O que estamos fazendo

Como profissionais, precisamos certamente pensar no futuro das nossas empresas, dado que retornar à “realidade” não será mais possível diante da ruptura de paradigmas que a pandemia impõe. No entanto, a escolha da conduta correta para o momento é atrelada às decisões de lideranças nas esferas política, econômica e científica. Divergências entre os níveis de poder, como por exemplo temos assistido na relação entre os Estados e o Executivo Federal, resultam em mais incerteza e angústia.

Diante disso, sugerimos enfaticamente o caminho apontado pela Organização Mundial da Saúde, no sentido de cumprir o isolamento social à risca até que os próprios efeitos desta medida surjam ou novas descobertas científicas possam garantir o efetivo controle da situação.

O que podemos fazer

Estamos sob forte pressão pessoal e profissional, a crise atinge a todos, mas é nessas horas que precisamos agir com calma e inteligência. Evitar tomar decisões nesse momento também é uma boa recomendação, o quadro muda a cada momento. A única certeza é a incerteza.  Vale lembrar que somos formados por empresas com forte sentimento de responsabilidade socioambiental, e isso nos distingue no mercado. É o momento de mostrar união e solidariedade com colaboradores, fornecedores e com a sociedade.

Como nos disse o Fernando Oliveira, diretor da Curtlo: “…muitas coisas terão que mudar, pois não sabemos a extensão disso tudo, mas minha mensagem lá (na Curtlo) foi: precisamos manter o negócio juntos; não cheguei aqui sozinho e não irei a lugar nenhum sozinho, vamos trabalhar e recomeçar se assim for”.

Precisamos nos apoiar uns nos outros e alimentar a esperança num futuro melhor. A crise antecipa o futuro, e o futuro deverá ser sustentável, natural e colaborativo. Mas até o futuro virar o presente, não é razoável negar a dimensão do problema. O que de melhor podemos fazer nesse momento é se preparar para o pior, e trabalhar e torcer pelo melhor. As circunstâncias presentes nos obrigam nesse momento a uma única meta: sobreviver.

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças” – Charles Darwin.

Somos a vanguarda do turismo brasileiro, sobreviveremos e seguiremos nossa jornada para transformar nosso país num exemplo de sociedade criativa, sustentável, colaborativa e com a natureza preservada.

Assim sonhamos!